Tubarões vivos. Anunciam-se pelos alto-falantes. Tubarões vivos! E eu aqui no quintal tão desprotegida (alguma relva mais alta me defenderá?), tão fora de mim, imaginando-me, tão sem nenhumas águas por perto. Medito. Tch, tch, tch. Fossem ainda tubarões mortos, fazia-se uma sopa das barbatanas. A receita logo se arranjava na net. Para quantas doses dará uma barbatana de tubarão adulto? Quantos tubarões vivos é que eles trazem? Será boa a sopa de barbatana de tubarão? As perguntas estão mal feitas. Não se deve arrancar (cortar também não) as barbatanas a um tubarão vivo, que ele perde a condição por que deambula de aldeia em aldeia. Fosse ainda no mar... isso faz-se e vai o resto do bicho ao fundo, ninguém vê. Mas aqui a seco é que não. Quem limpava depois o sangue, que traz as moscas, na terra dos caminhos?
É o circo que dá nestes desvarios. Se precisarem duma mulher barbuda ainda vou com eles, com os tubarões digo, que têm um lindo sorriso, quando vivos.
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