sábado, 30 de junho de 2012

Promesa matinal





Cucumis sativus
cogombro (gl.), pepino (pt.),
pepino (cast.)

sexta-feira, 29 de junho de 2012

quinta-feira, 28 de junho de 2012

A vida é isto (por exemplo)





Cucurbita pepo 
cabaciño (gl), abobrinha (br.),
curgete (pt.?!), calabacín (cast.)



E come-se.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Á sombra do liquidámbar







Picus viridis
peto verdeal (gl.), pica-pau-verde (pt.),
pito real (cast.)

terça-feira, 26 de junho de 2012

domingo, 17 de junho de 2012

Contraponto invertível

Ou então, digo eu, será o nada:
um vazio mais a sombra
um abismo, a sua ansiedade,
um espelho, o vidro duro,
infinitos que serpeam
engolidos em si próprios,
sem origem, sem final.

Indoméstico o silêncio
quebra o pentagrama
e desprendem-se palavras,
ténues missangas de orvalho
que esplendoram no chão
anunciando a alvorada:
ou então, digo eu, será a vida.



"Escada sem corrimão" de David Mourão-Ferreira. Música de Pancho Salmerón

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Cidade?

Uma vez pediram-me para responder a um questionário. Na segunda pergunta devia indicar em que cidade vivia. Deitei o questionário ao lixo.

Uma vez um pediram-me amizade no facebook. Através duma mensagem perguntaram-me em que cidade vivia. Deitei a amizade ao lixo.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Carruaxe






Centro da Memória
Vila do Conde



Estou a pensar seriamente en mudar de medio de transporte.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Mazada

De todos os traballos, o máis pesado é o que non dá traballo ningún facer.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Canga

Hai quen lle chama "liña de crédito". Xa só faltan as frechas.

domingo, 10 de junho de 2012

Também ja foi dito











Quem pode ser no mundo tão quieto,
ou quem terá tão livre o pensamento,
quem tão exp'rimentado e tão discreto,
tão fora, enfim, de humano entendimento
que ou com público efeito, ou com secreto,
lhe não revolva e espante o sentimento,
deixando-lhe o juízo quase incerto,
ver e notar do mundo o desconcerto?

(excerto da "OITAVA", a D. António de Noronha sobre o Desconcerto do Mundo, de Luís Vaz de Camões)

sábado, 9 de junho de 2012

Arrolo








Convento de S. Paio
Vila Nova de Cerveira



—É unha rola iso que canta? —preguntou.
—É un pombo —contestei coa certeza absoluta de quen de repente, nas asas daquel arrolo, fora transportada á infancia, a moitos quilómetros de alí.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Vedoiro

É ser con pernas que abunda nestes tempos. A cousa está fea, di un, e deseguida outro responde que aínda está para vir o peor. Anticipar o futuro é doado: temos (case) todos o abismo diante. Vai ser o masacre. Acórdavos aquel chiste? Pois non, non vai haber merda para todos.

Água que não hás-de beber...

O indivíduo aparece embrulhado num cobertor no interior dum contentor de lixo (secção resíduos orgânicos: bem-hajam os assassinos com sentido cívico), muito pálido, sem respiração aparente e com três facadas, nenhuma delas mortal, em lugares diferentes do corpo inerte (uma na coxa da que a artéria femoral não resulta afectada, duas no costado esquerdo que não alcançam órgãos vitais). Certificada a morte do suposto defunto e autopsiado, ele morre definitivamente. Nos papeis diz que foi de excesso de água nos pulmões.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Amizade






Fotografias da capa do livro e do fundo:
Ivo Manuel Machado

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Almoxarife

Presentei hai días os meus papeis, cos números todos certiños a ocupar os cadros correspondentes. O almoxarife revisou as contas mediante unha calculadora que tiña ao lado e coa que tocaba unha música vertixinosa e estridente, tal que un piano desafinado en dó. Mirou para min e estendeu a man, aberta cara ao ceo.

—Ao César o que é do César —esixiu.

Paguei co único de valor que me restaba: os ollos.

terça-feira, 5 de junho de 2012

O homem de preto

Não gosta de chuva. É por isso que a luz vai atrás dele. Em dias de temporal os olhos perdem-se-lhe por histórias de dentro. Tem sempre palavras como estrelas na língua para oferecer à escuridão dos tristes. A pele dele sente-se no abraço macia e cálida, como uma carícia de nunca esquecer nem nas memórias apagadas. Veste muito de preto para absorver os raios solares todos, um por um, e devolvê-los em frases de renda colorida pintadas.

Ou mais arte com menos matéria

More matter with less art.
Gertrude, acto II, cena ii




Cenografia para o Hamlet
Zé Rodrigues
Convento de S. Paio

segunda-feira, 4 de junho de 2012

sábado, 2 de junho de 2012

Embaraço não é gravidez







Valter Hugo Mãe na apresentação do seu
O filho de mil homens em Vila do Conde





Amanhã, domingo 3 de Junho, o Valter Hugo Mãe vai estar na Feira do Livro de Vila Nova de Cerveira, na hora da sesta, pelas 16.00 (hora de Lisboa), 17.00 (hora de Berlim). Diz-que vou ser eu a apresentá-lo... Mais não digo (não vá ficar muda antes da hora a qualquer hora).

Veladura