domingo, 21 de agosto de 2011

E se eu, afinal, tivesse alma?

Da morte com que na noite me deito
há manhãs em que encontro um paraíso
—aos meus pés o cão-azul,
o único café do dia aos lábios
(programa intensivo de ressurreição),
Johann Ernst Bach nos ouvidos
e um coro de galos que batalham
muito sonoramente.
Há também as moscas a lembrar que isto
aqui é ainda a terra.

Aqui é uma paz em que eu queria
suspender-me para a eternidade
ou então que fosse para já
a eternidade a suspender-se em mim.

4 comentários:

condado disse...

Non sei se pensar en Galafuras minhotas ou que está afectada pola visita papal...

Sun Iou Miou disse...

En certo modo é o último, que me obrigou nestas últimas mañás a almorzar con música clásica en vez de con noticias. Loado sexa! A miña alma enxalza o señor (sexa el quen for).

Anónimo disse...

Lindo!

Sun Iou Miou disse...

Na paz do Senhor, Anónimo. Mas isso foi ontem. Hoje a eternidade foi à vida e eu também, só por caminhos diferentes.