Acordar a pensar que é sexta
e que seja sábado
(porque hoje é sábado)
sentir raiva e alívio, por esta ordem,
e não saber por que é que senti nada
(afinal é dia de labuta, meu cara).
Ligar a telefonia
para ouvir as notícias
e lá estão outra vez a falar do mesmo (aquele),
e da confissão, esse grande invento
que permite grandes males (e pequenos remédios)
sem perder fregueses, súper súperbueno,
(nunca me hei-de arrepender de ter abortado,
nunca hei-de me arrepender de o ter confessado).
Mudar de emissora e escutar
um requiem qualquer,
talvez o do Fauré,
talvez o meu,
e olhar no céu as nuvens,
dádiva dum deus
que não consente infernos
(que não consente incêndios)
e arrefece as minhas mãos
sobre o teclado.
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