quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Num fim de verão ou do mundo

—BASTA!!!
—...
—Desculpa, mas tive de acabar contigo. Matei-te, não te queixes agora. Não olhes para mim tão feita incrédula que bem sei que já não vês nem sentes. Não te vou ligar nenhuma. Afinal a culpa foi tua. Disse-te para não me tocares mais. Não gosto que me toquem. Avisei. Repeti. Porfiaste em tocar-me, ora no braço, ora na cabeça (até me roçaste a boca, merda!), numa coxa e na outra... Vezes de mais para a paciência de menos que eu tenho. Não me apalpaste a indignação à tona ou quê? Merecias. Merecias e pronto. Devias era ter medido a tua insignificância, ainda vivias e eu não teria mais um crime a expurgar. Quantas reencarnações me esperam por causa da tua inépcia e em que raça de bicho, de bactéria que nem lixo, penado bípede, trôpego meteorito ou poeira me irei transformar, eu, que já me sonhava na glória dum anestesiante e beatífico enlevo etéreo? O quê? Esperneias? Ah, pensei. Foi uma aragem a fluir inconsciente. Está um outono antecipado, as estações adiantam-se, quem sabe não vem aí um apocalipse qualquer ao virar da esquina. E como estão chatas as moscas...
—Pois, estamos. Não estamos?
—Não, minha querida, tu estavas, já foste.

Sem comentários: