sábado, 28 de julho de 2012

A descoberta

É sábado, mas não parece. Ou talvez parece até ao ponto de ser-se: aos sábados abandono o lugar cativo na minha esplanada às massas e refugio-me no bar dos bombeiros. Aquilo é paz em tamanho familiar e por ausência. Lá encontro o guarda do Convento mas os neurónios movem-se ao ralênti e só reconhecem quando ele já foi embora na carrinha... Desgraçada é que eu sou, e mais que irei ser: doravante é tudo sempre às arrecuas.

Do resto, é o menu do costume: descafeinado (triste) e água das Pedras, o único de borbulhante que na minha vida entra... ou não!?: tiro o celofane ao livro de contos em edição leve e cuidada duma chamada Companhia das Ilhas, e como é bom saber que ainda há ao meio do Atlântico quem sonhe para quem fica lastrado em terra firme:

"Curioso, soergueu o morto pelos colarinhos e deu-lhe duas galhetas só para lhe sentir os ossos. Este cabrão levou a vidinha a comer galinha, pensou. Virou-o de novo e perscrutou-lhe os bolsos de trás. Tinha o bilhete de identidade moçambicano. Leu: Zibelina Capristano Guente, casado. Quem se deitaria com tão fraco descaminho?"

António Cabrita. "A boa vizinhança". Ficas-me a dever uma noite de arromba
Companhia das Ilhas. Lajes do Pico. 2012

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