Para a Ana Saraiva, a 9 de dezembro de 2011
Hoje não tenho prenda para te oferecer.
Fiquei à espera na soleira de casa
olhando ao céu: nenhum mar se via,
nem pianos de vela a sulcarem os instantes;
apenas me sobram garças que se abrigam no sul
das minhas mãos solitárias,
amieiros nus que morrem pelas margens,
um grasnido frio de corvo, véus rasgados de névoa
e os caminhos a que nunca achei fim.
Não tenho prenda alguma que te dê.
Foi por isso que escolhi para ti
o meu mais viçoso rebento de abandono
embrulhado em azul de águas
sobre um fundo de areias raras.
4 comentários:
Um poema de antologia, com momentos verdadeiramente empolgantes, tal é o impulso galvanizante das metáforas.
Não há metáfora nenhuma, Anónimo. É tudo real e palpável.
Então, o que é que eu posso apalpar?!...
O ar, Anónimo, o ar.
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