segunda-feira, 7 de maio de 2012
Arroz de pombo
Pensei que devia escrever o que me apetecesse. Não é fácil. Podo-vos contar, porém, o que me aconteceu. Relato estrito. Despido. Aqui um silêncio ou pausa. Eu levantei-me. É o que a gente deve fazer em casos assim, se puder. Levantei-me porque podia. Levantei-me do chão. Não duma espreguiçadeira, dum banco, duma cadeira, duma poltrona, dum sofá, duma cama. Não-não-e-não. Do chão. Não decidira sentar no chão, não. Foi queda. Livre mas não voluntária. Acontece. Aconteceu-me. Flashback: que é como dizer: rebobina, recua, retrocede. Doíam-me muito os joelhos. Tanto, tanto. Era a dor toda ali concentrada. Com certeza, não dava alaridos (a dignidade não permite escândalos). O rosto contraído. As mãos, apalpavam à procura de peças musculo-esqueléticas quebradas. As luvas evitaram o esfolamento das mãos enquanto os braços aguentavam a força do impacto. Saí a voar por cima do guidão. À cadela teve um apertão de ventre dessincronizado com a suave descida. Amarrei a trela onde não devia. Pus o capacete (na cabeça) e as luvas (nas mãos). Após o almoço escovo os dentes, sempre, e pego nas chaves de casa, ás vezes.
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2 comentários:
Caír contigo, dijiste.
Se me segurares a mão no fio fragil...
Pois, dona Ella, disse, mas caí sozinha e o fio era tão frágil que quebrou. Ou então não, cai precisamente porque o que me segurou foi a trela da cadela e não quebrou. Felizmente, nada quebrou. :)
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