quarta-feira, 18 de março de 2020
A caverna
Onte estaba escoitando o discurso do presidente do Goberno e polo medio sentín un leve, que digo!, un fondo desacougo, como se vivise na novela de H. G. Wells, A guerra dos mundos. Pensei se non sería todo mentira, una montaxe radiofónica coa que nos teñen enganados e distraídos para afundir a economía ou para vender máscaras. Porque o certo é que aquí segue todo igual: o traballo, o exercicio diario, as horas das comidas e bebidas, a primavera, os pardais que veñen almorzar ao antepeito da ventá da cociña, os cans que ladran aos gatos dos veciños, os melros e os tordos a namorar melras e tordas, supoño que, respectivamente. Un día destes vou ter que saír á farmacia, a repor pan no conxelador e mercar víveres (papel hixiénico aínda me queda). Daquela xa vos contarei se aínda hai vida aí fóra, alén do valado do meu eido. Ata daquela, non creades nada do que se conta e lédeme a Platón.
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2 comentários:
Ó minha Senhora! Há uns dias que me disseram que a inveja provocava cáries. Já cá sinto uma dorzinha na raíz de um dente. Porque é bem verdade que agora queria mesmo ver a natureza cumprir com os seus ofícios desde a janela de uma cozinha afortunada. Também vi na TV o "Pietro, il bello" como dizem dele na Itália, aquele país assolado e desolado pela nova peste, à espera, talvez, de um novo Giovanni Boccaccio que nos conte distrações para esquecer o que ali se passa. Olha, esta quarentena pelo menos serviu para isto. Tempo para vos ler, e quem sabe... escrever.
É assim. Prontus. Já escreveste qualquer coisa, Oscarzito?
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