sexta-feira, 12 de abril de 2013

O retorno, o eterno

Passa-se a ponte no retorno
e nada é como foi na ida
flui o rio tão heráclito
—sabem-o as águas distraídas—
e são outras as nuvens e as cores
(os verdes, os castanhos, os amarelos),
até a cinza da pedra é outra
e maior a sua idade,
menor o seu tempo.
Tique-taque tique-taque
diz o pedalar e a roda vira-vira
nunca igual a si própria
jamais idêntica a diferença nenhuma.

Não me detenho, nada me detém
(a estática é uma postura impossível),
paro na varanda e a marcha continua
comigo dentro, sem mim de fora:
gritei e no lugar do grito já é silêncio.
Fui e no lugar onde fui sou sombra:

nunca regresso.

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