segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A palavra vestida

Para o Joxemari
É neste esplendor que se ancora
toda a esperança que me resta:
ofereces-me a palavra vestida
para dançar, e eu canto-a.

Recrio a árvore da raiz viva
e da árvore, as aves; delas, aladas
as nuvens com o algodão doce
e as chuvas, arcos-íris tecidos
de nenhures a parte nenhuma
e fugazes como o som da água
que tilinta na pedra e faz cova,
cova da boca que pronuncia
a palavra terra mais que terra
e semeia ardentes nas mãos
as estrelas que desabrocham
no infinito mato do pedaço
de universo que me penetra.

É nestas trevas que se alarga
todo o caminho a que aspiro:
ouço o canto que me entregas
despido de véus, e danço-o.

2 comentários:

Jonas disse...

Desejava comentar, mas não percebo nada de poesia.
No entanto, desde o lá longe da minha ignorância, pareceu-me ler algo de muito bem arrumadindo.
;)

Sun Iou Miou disse...

Se não dei erros de palmatória, ainda bem, ó Jonas.

Para chegar a pérola, é claro, ainda tenho de comer muito caldo verde. ;)