quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Ao cambio

En Goián todo o mundo sabe que un bispo no Brasil é, ao cambio, na Galiza, un sancristán (ou era, que os tempos, benquerido Bob, están sempre mudando). Pois ben, se hai por aí alguén que utilice alegramente os tradutores automáticos, pode probar a traducir Manuel Fraga (q.p.n.d) de galego para inglés no excelentísimo tradutor automático do google.

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P.S.: Até o máis perralleiro tradutor (digno do oficio que exerce) humano sabe que os nomes propios non se traducen.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O mais-velho e o iá-ndenge












Angola esteve a 4 de fevereiro de 2012 na Porta XIII.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Mais uma rara avis...



Plegadis falcinellus
: ibis preto (pt), mazarico mouro (gl), morito (cast)

Insensibilidade e outras vidas possíveis

Hoje desacordei do mundo. Continua lá fora frio, quase como dentro (sem o aquele tal cá do vento e a sua sensação epidermicamente des-térmica). Não tenho nos dedos sangue (dedos a mais na minha vida para um coração pequeno que cansou de bombear e bombar) e escrever é uma dor que não se sente, uma conquista da insensibilidade. Depois durmo, durmo muito a horas e deshoras, não consigo convencer o corpo a vencer e ele é uma desistência dos sentidos: é assim que os pesadelos me invadem as noites e as deshoras da sesta: porque é preciso viver nem que sejam as mentiras dum labirinto de que não se sai, como na própria vida, que nunca acaba, porque tudo é matéria que se transforma, até em cinza que será alimento para plantas verdes ou cogumelos coloridos. É carnaval, lembrem: há corrida de carros de mão na aldeia. Serei espectadora de câmara a tiracolo (nas mãos, os dedos regelados sempre, pessoa com luvas não preme botão, sem luvas também não preme nada), se o sono da tarde (esse tirano!) não me tira a vida.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Breve

Atacada de preguicite aguda ando e temo que esta se converta en crónica, crónica non escrita, vivida ou mellor, digo peor, desvivida. Non todo é negativo coma a temperatura, que este inverno, debido ao plan de austeridade, é o primeiro que paso sin calefacción (houbo momentos en que vendo as moreas de libros con todas aquelas follas combustibles dentro as fogueiras inquisitoriais me pareceron unha opción tentadora), utilizando as pernas e a bici nos desprazamentos curtos, sen ir ao cine, sen ir a case nada: casa e cama. Dicía que non todo é negativo porque tamén é o primeiro inverno en que me regalan un xamón. E sobrevivín á gripe. E a algúns meses sen cobrar... (aínda non me cortaron nin a luz nin a auga).

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Non estou para ouvirte

Había moito que non ía a misa. Pensei que aquilo iría ser a presentación dun libro de poemas, acabou por ser un acto de adoutrinamento. Desobediencia disque era o título, e aí estaba eu, a renegar en silencio respectuoso, a tirar e enfiar (os dedos n)as luvas, cunha gana de saír xa mesmo da sala onde a propietaria da verdade e a palabra nos arengaba. Mentres, nós alí presos, ovellas mansas, de orellas gachas como cans apañados en falta (escura) que non cometeran. Até que, pronto, unha ten a paciencia do xénero ola-express e mandei o corpo á insubimisión: isto é, saín á rúa despedindo vapor... Aos poucos, amoreámonos os desterrados ao frío, fomos fumando un cigarro, unha pipa da paz, fotografamos instantes rigorosos e poemamos sobre as amizades comúns tan incomúns. Regresei á casa coa mochila cargada de papel impreso. Valeu.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A menina acabou (por falência)

Que tivessem passado dias sem eu ver o senhor Eduardo não significa que ele deixasse de existir. É só que tenho vindo mais tarde para a esplanada, quando ele já foi embora, a resfolegar como uma concertina velha, encosta acima. Hoje, porém, encontrei numa das cadeiras de plástico amarelo evidências claras da sua presença: uma cigarilha que fugiu quase intacta aos seus pulmões esfalfados (nos tempos de crise que correm, ai, fumasse eu...). Mas não foi isto o primeiro a acontecer quando lá cheguei. O senhor Luís estava de espingarda pronta e ao meu boa tarde, disparou, a matar:

—Vai estar mal agora com o seu JL.
—E então? —perguntei eu numa aflição ho-rro-ro-sa, a imaginar que não só o país falia sempre mais um dia após o outro, mas também a literatura ia para os fundos níveis do lixo.
—O Nuno fechou...

E pois, o Nuno fechou o quiosque, o senhor Luís ficou sem onde comprar os maços de tabaco e eu fiquei sem onde comprar o JL. E pior, digo-vos, vou ter saudades do Nuno a dizer:
—Ó menina, o JL já cá está.

Isto se não é velhice está parecendo...